Moderator:Luís
Fabiano wrote:Bem, estamos aqui para discutir esses assuntozinhos chatos, não? Você não entendeu. Não disse que há um português "melhor" do que outro. Disse que a forma correta seria "Eu chamo-me", ou, mais informal, "Eu me chamo", mas nunca esse horrível "Me chamo" que nem minha mãe, que só cursou até a 4º série usa. Você sabe, ou deveria saber, para que servem essas "ridículas" regras gramaticais. Sem elas não há a mínima comunicação possível.
Fabiano wrote:Note-se que o conteúdo do meu post não dá a você uma base para afirmar que eu nada entenda de linguística nesse tom arrogante.
Fabiano wrote:Resumindo, Pittsboy, o que eu quis dizer é que quando se está a aprender um idioma estrangeiro deve-se começar pela língua GRAMATICALMENTE CORRECTA, para depois se preocupara com a língua informal. Você deu a entender que se deve dizer sempre "me chamo" e que todos falam "me chamo", quando isso não é verdade.
Fabiano wrote:Discordo inteiramente e até lamento que pense assim. O português que é falado hoje no Brasil é um horror (literalmente falando).
Fabiano wrote:Se transformarmos essa "língua" que falamos no dia-a-dia (ou melhor, que a média das pessoas fala) em nossa língua oficial, é melhor abdicar de vez de qualquer forma de comunicação e cultura e voltarmos a escrever em tábuas de pedra.
Fabiano wrote:Deve continuar a existir a maneira padrão de se falar e se escrever, como há em todas as línguas.
Fabiano wrote:Compare um texto escrito seguindo as normas gramaticais (que por sinal você precisa seguir para se comunicar aqui) e um seguindo as "normas" da informalidade. Não há como comparar.
Nana wrote:Vou meter aqui o pézinho:
Parecem-me os dois um pouco extremistas.
Por um lado temos a verdade de que a linguística se baseia em factos reais, ou seja a língua utilizada pelos seus falantes nativos. E é sobre isso que a linguística deve tratar.
No entanto, as gramáticas prescritivas existem para manter uma certa continuidade e para que as pessoas se continuem a entender. É como que um travão para mudanças muito drásticas (digo eu no meu tom semi-ignorante).
Mas a mudança, mesmo que não tão extrema quanto isso, acontece e é uma realidade e "chega a ser uma coisa bonita". O português, ou qualquer otura língua, não "obscurece", modifica-se. Se para melhor ou pior isso já é consoante o gosto de cada um.
Se calhar um gosta mais de "Me chamo" e ao outro soa melhor o "meu nome". Cá para mim é "Chamo-me" e é só quando tenho a delicadeza de me apresentar.
É a dita variação interindividual, non?
Tirei o pé.
Fabiano wrote:Acontece que, se não podemos falar correctamente (grafia alternativa="corretamente") em todos os momentos, há erros que são perfeitamente dispensáveis, se não ridículos.
Fabiano wrote:Não há qualquer sacrifício em se dizer "Eu me chamo" ou "Eu chamo-me", e se evitar essas formas simplesmente porque recorrer a elas é "gramaticalidade" é patético.
Fabiano wrote:Claro que há as diferenças entre a língua falada e a escrita, claro que a língua evolui (em alguns casos, porém, parece INVOLUIR), mas como eu já disse (e você pareceu reiterar), a norma é necessária para o estabelecimento da mútua compreensão.
Fabiano wrote:O que penso, porém, é que não importa em que época estejamos, deve SEMPRE haver normas gramaticais para dizer como devemos e não devemos nos expressar.
Fabiano wrote:A língua portuguesa (como, aliás, a inglesa, a alemã e qualquer outra), é muito bela quando escrita com maestria, sem se recorrer à verborréia, mas também sem descambar para esse barbarismo vulgar que hoje reina nos "meios de comunicação", ou melhor, "meios de empobrecimento intelectual", incluindo a maior parte do conteúdo da Internet.
Fabiano wrote:Você pode até ter me pego numa contradição, embora, como você reiterou, defender a existência de uma língua "melhor" seja anti-linguístico. Mas obviamente, se a minha posição é anti-linguística ou não, não me interessa muito.
Fabiano wrote: De qualquer forma, o que eu disse continua valendo. Ao se ensinar português para um estranhgeiro, devemos recorrer primeiramente ao falar correcto (garafia alternativa="correto"), depois a própria pessoa, já de posse dos conhecimentos fundamentais do idioma, passa a estudar o linguajar vulgar.
Fabiano wrote:Nota: eu sei que é mais usual se escrever "correto" ou "fato" ao invés de "correcto" ou "facto", mas eu prefiro as últimas formas e só escrevo essas palavras assim.
Fabiano wrote:Não há qualquer sacrifício em se dizer "Eu me chamo" ou "Eu chamo-me", e se evitar essas formas simplesmente porque recorrer a elas é "gramaticalidade" é patético.
Pittsboy wrote:Se você ainda não percebeu que a gramática ao dizer que "não se começa oração com ME+verbo" está fazendo uma opção ESTILÍSTICA, agora vai perceber. Afinal, nada justifica sua afirmação de que com o EU antes pode, uma vez que a língua (mesmo a padrão) permite o sujeito omisso... seja coerente.
bender wrote:Só queria apontar que pela norma padrão, até onde eu sei, "eu chamo-me" está 'errado'...
bender wrote:
Não vou comentar a sua posição, porque o Pittsboy já disse tudo o que eu poderia dizer... Só queria apontar que pela norma padrão, até onde eu sei, "eu chamo-me" está 'errado'...
E talvez fosse boa idéia você ouvir os argumentos do Pittsboy, mesmo que mantenha a sua posição. Digo isso porque acho que você ainda não entendeu do que se trata.
Luís wrote:
Por que razão? "Eu chamo-me" está certíssimo segundo a norma padrão.
E já agora, por curiosidade, o português brasileiro não permite o uso de todos os pronomes de complemento no ínicio da oração, ou permite? Pelo que me posso aperceber usa-se "Me chamo", "Te vi ontem" mas não tanto "O vi ontem", "A comi" "Lhe dei isso", sendo mais frequente "Eu o vi ontem", "Eu a comi", "Eu lhe dei" ou "Eu vi ele ontem", "Eu comi ela", "Eu dei a ele/a" (e nesse último caso, é lógico que não se poderá dizer "Ele vi ontem" ou "Ela comi"). Certo?
Luís wrote:Não me parece que seja simplesmente uma opção estílistica. A gramática (ou a norma padrão) simplesmente retira isso da língua falada em Portugal, em que o uso de pronomes de complemento em início de oração não é uma opção, mas antes uma impossibilidade. No entanto, é óbvio que o sujeito pode ser omitido. Como explicar essa "incoerência" no português europeu?
Luís wrote:E já agora, por curiosidade, o português brasileiro não permite o uso de todos os pronomes de complemento no ínicio da oração, ou permite? Pelo que me posso aperceber usa-se "Me chamo", "Te vi ontem" mas não tanto "O vi ontem", "A comi" "Lhe dei isso", sendo mais frequente "Eu o vi ontem", "Eu a comi", "Eu lhe dei" ou "Eu vi ele ontem", "Eu comi ela", "Eu dei a ele/a" (e nesse último caso, é lógico que não se poderá dizer "Ele vi ontem" ou "Ela comi"). Certo?
Luís wrote:Por que razão? "Eu chamo-me" está certíssimo segundo a norma padrão.
E já agora, por curiosidade, o português brasileiro não permite o uso de todos os pronomes de complemento no ínicio da oração, ou permite? Pelo que me posso aperceber usa-se "Me chamo", "Te vi ontem" mas não tanto "O vi ontem", "A comi" "Lhe dei isso", sendo mais frequente "Eu o vi ontem", "Eu a comi", "Eu lhe dei" ou "Eu vi ele ontem", "Eu comi ela", "Eu dei a ele/a" (e nesse último caso, é lógico que não se poderá dizer "Ele vi ontem" ou "Ela comi"). Certo?
Fabiano wrote:Sim, certo. Na verdade era isso que eu estava querendo dizer para o Pittsboy, mas ele deu a entender que as formas por você citadas (como "Te vi ontem" ou "Lhe dei isso") são tão aceitáveis pela "norma" do português "brasileiro" como faladas por todas as pessoas, qunado não conheço ninguém que fale "Lhe vi ontem" ou "Me chamo Daniel".
Fabiano wrote: Pittsboy, como a conversa era com VOCÊ (e aí entenda-se bem o VOCÊ), deixe-me salientar só mais uma coisa: não pretendia transformar um simples post meu numa discussão tão acirrada. Só achei que "Me chamo" é errado gramaticalmente e É. OK, não se tolera mais a grafia "facto" na língua "brasileira"? Creio então que preciso atualizar meu dicionário, ou então recorro freqüentemente a um barbarismo...Mas isso não é para tanto. OK, a forma mais polida possível seria só "Eu me chamo", mas é claro que se esse "ME" está na frente do verbo é porque o "EU" está iniciando a frase, ou não?
Fabiano wrote:Sim, certo. Na verdade era isso que eu estava querendo dizer para o Pittsboy, mas ele deu a entender que as formas por você citadas (como "Te vi ontem" ou "Lhe dei isso") são tão aceitáveis pela "norma" do português "brasileiro" como faladas por todas as pessoas, qunado não conheço ninguém que fale "Lhe vi ontem" ou "Me chamo Daniel".
Fabiano wrote:Pelo facto de eu defender o uso de um português melhor, você já descamba para essa imbecilidade de "ah-então-não-importa-para-você-quanta-gente-é-perseguida-por-esse-tipo-de-pensamento-né"
Casos opcionais
1 - Com os pronomes pessoais: Ela disse-me assim, ela me disse assim. / Eu o procuro amanhã, eu procuro-o amanhã. / Nós recompusemo-nos, nós nos recompusemos. A eufonia, porém, recomenda o pronome antes do verbo, neste caso.
Pittsboy wrote:MEDAAAAAAAAAAA
"No "Estado"
O Estado aceita o uso, no noticiário, do pronome oblíquo colocado entre dois verbos, sem necessidade de se ligar por hífen ao primeiro deles
não estava, e as redes tiveram de voltar atrás depois), que a maioria xiita tinha se revoltado contra o exército iraquiano em Basra (não tinha, a cidade permanecia calma)
Pittsboy wrote:Luís, eu não estou falando de português europeu, estou falando de português brasileiro, como deixei bem claro.
Pittsboy wrote:Não disse que a língua seja incoerente, eu disse que a gramática é incoerente ao afirmar isso. Quanto ao PE, não sei como isso é, o que eu afirmei até agora foi em relação ao PB, que, mais uma vez, se mostra bem diferente do lusitano, não é?
Pittsboy wrote:Agora, chegar ao absurdo de afirmar que Me+Verbo é "errado", no Brasil, porque em Portugal essa construção não existe (ou existe em número bem reduzido ou em algum dialeto? eu não saberia dizer uma vez que não falo PE)...
Ao que tudo indica, e as pesquisas parecem confirmar, estamos caminhando (PE e PB) em duas direções distintas... é aguardar e ver.
Pittsboy wrote:Mas, voltando a sua questão, sim, no Brasil ao menos (e a discussão toda é em relação ao PB), é uma escolha estilística sim.
Pittsboy wrote:Em Portugal o sistema se organiza de outro modo, mas eu só queria saber se esse tipo de construção não se realiza nunca, se a língua não permite mesmo, ou se tem algo a ver com normativização.
bender wrote:Eu aprendi nas minhas aulas de português no colégio que os pronomes pessoais atraem os pronomes oblíquos. Das duas, uma: ou minha professora estava enganada, ou é um dos poucos casos em que a norma difere no Brasil e em Portugal...
bender wrote:E uma outra coisa, é que na língua falada no Brasil existe uma tendência muito grande de explicitar o sujeito da oração SEMPRE. Por esse motivo, é muitíssimo mais comum "eu me chamo" do que "me chamo", mas as duas formas podem ocorrer.
bender wrote:É só andar um pouco nas ruas que você vai ouvir as pessoas falando assim.
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