Uma vez, eu estava na Avenida da Liberdade e queria ir às Amoreiras. Perguntei a uma senhora como fazia para chegar até lá.
-- Está a ver aquele autocarro? – perguntou-me ela. – Pois não é aquele, é o outro.
Uma vez, ainda nos tempos da Varig, um amigo embarcou em Lisboa. No compartimento das malas, havia uma, muito mal ajeitada, em que ele precisaria mexer para encaixar o que trazia.
-- Aquela mala é sua? – perguntou a um passageiro já sentado.
-- Não -- respondeu o passageiro. – É de um primo que ma emprestou.
Uma vez, outro amigo chegou a Sintra, ao Palácio dos Sete Ais, um dos hotéis mais lindos do mundo, e perguntou ao carregador se era verdade que os quartos eram mesmo os maiores e mais confortáveis de Portugal.
-- Sim, é verdade -- confirmou o carregador, emendando rápido: -- Mas não o vosso.
Uma vez, este mesmo amigo, arquiteto, foi ter com Alvaro Siza, o seu grande colega, numa construção no Bairro Alto. Depois de conversarem e percorrerem a obra, meu amigo perguntou como fazia para ir a determinado endereço.
-- Ah, é muito fácil, -- respondeu o Siza. – Desce esta rua mesmo em que estamos e entra na segunda à direita. Ali, depois de andar uns duzentos metros, vai encontrar um palacete manuelino extraordinário, de proporções perfeitas, com uma das mais ricas fachadas de Lisboa, janelas decoradas com romãs e uns caracóis entalhados na porta, em pedra, um conjunto de beleza excepcional. Não lhe faça caso...
Uma vez, no Hotel Tivoli, chamei a camareira e pedi mais travesseiros.
-- Mas quer travesseiros ou almofadas?
-- Qual é a diferença?
-- As almofadas são menores, já os travesseiros são maiorzinhos.
-- Então me traga travesseiros.
-- Pois, mas travesseiros não os temos...
Uma vez, chegando atrasada para um encontro com amigos no mesmo Tivoli, perguntei se havia algum banheiro no térreo, para não ter que subir ao quarto.
-- Sim -- respondeu o senhor da recepção. – Desça este lance de escadas.
Desci, e de fato lá estavam os banheiros... fechados! Subi de novo as escadas e voltei à recepção.
-- Os banheiros estão em obras.
-- Sim, estão – confirmou o senhor da recepção. – Não podem ser usados.
(...)
o resto em http://cora.blogspot.com/2011/03/lisbon-revisited.html