Fabiano wrote:Bem sempre pensei que a determinação do que constitui um dialeto e o que constitui uma língua separada fosse o grau de inteligibilidade mútua entre duas variantes linguísticas, que no caso do galego e do português é quase de 100%.
Este é o critério puramente linguístico que, infelizmente, perde a preferência na separação de línguas e na criação de línguas autônomas.
Vejam só um caso muito interessante que é um bom exemplo desse fenômeno:
Na cidade de Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina (que antes fazia parte da Iugoslávia) vivem vários povos, mas os mais importantes são bósnios, croatas e sérvios. Antes todos diziam que falavam uma única língua: o servo-croata. Hoje, se escutarmos três pessoas, cada uma representando o seu povo, que têm a mesma idade, a mesma formação e que cresceram nas mesmas condições, vamos ver que falam esta língua absolutamente da mesma maneira e que não há diferenças (a não ser que sejam diferenças individuais, que todos nós sempre temos). Portanto, os três continuam falando a mesma língua, só que o bósnio vai dizer que fala bósnio, o croata vai dizer que fala croata e o sérvio vai dizer que fala sérvio. Na verdade, os três continuam falando servo-croata (ao qual podemos pôr algum outro nome também, como por exemplo o BCS que tem sido usado; para os linguistas isso não tem importância alguma) mas, devido às questões políticas e sócio-psicológicas, não o admitem.
Casos semelhantes podem ser registrados pelo mundo inteiro.